segunda-feira, 1 de março de 2010

MÚSICA LIBERTÁRIA - O QUE É MÚSICA?



Por: Apolinário Alves.

COMO PODERÍAMOS RESPONDER ESSA PERGUNTA?
BEM, SE PERGUNTÁSSEMOS PARA UM MATEMÁTICO, CERTAMENTE, DIRIA:
“É MATEMÁTICA”; PARA UM FÍSICO, “É VIBRAÇÃO DE MOLÉCULAS”;
PARA UM CAPITALISTA, “MERCADORIA”.


O desenvolvimento da Música.

Refazendo os caminhos da música ocidental...

Poderíamos dizer que ela principia a partir dos cantos gregorianos. Portanto, podemos considerar como seu “berço” a Igreja.
Um marco em seu desenvolvimento é a obra de Johann Sebastian Bach (1685-1750). Ele fora o precursor da escala que conhecemos hoje. Pitágoras (582-500a. c), com o seu legado, possibilitou a J.S.Bach desenvolver sua obra.
Em suas pesquisas, Pitágoras chegou à conclusão e, principalmente, a tradução da música em matemática. Ao esticar uma corda e fazê-la vibrar, percebeu um som; dividindo em partes iguais essa mesma corda e fazendo-a vibrar novamente, notou o som uma oitava abaixo.
Depois a física veio explicar esse fenômeno; dizendo que ele acontece pelo fato das moléculas vibrarem na mesma freqüência, diferenciando somente sua intensidade. A física chama isso de ressonância.
Seguindo esse raciocínio... Para obter-se um LÁ é necessário 440hz de vibração de moléculas. Vale ressaltar que a física apenas tardiamente veio a descobrir essa alternância.
J.S.Bach fora o Vigésimo sétimo músico de sua família composta de trinta e três outros, influenciado por uma forte tradição musical. Marcou não só a música, também a cultura ocidental como um todo, de forma decisiva. Para melhor entendermos é preciso compreender a música como extensão da vida e a vida como uma totalidade: A vida é a constante, contínua e mútua troca de energia. É o que se renova a cada instante.
Devemos inclusive saber que J.S.Bach era luterano e viveu em uma época onde a Igreja tinha maior poder social que nos dias atuais. Isso lhe impôs diversas limitações. Contudo, ele foi uma figura de desempenho decisivo na música ocidental por ter modificado a escala musical. Essa modificação deu-se durante a construção da escala quando retirou meio tom de Si e de Mi, fazendo da música ocidental um eterno retorno.
Ainda que você seja um bom pianista ou toque violão como ninguém, sempre estará preso numa cadeia de notas musicais bem cadenciadas; essa é a escala, tida como “natural” pela atualidade do mundo ocidental ou ocidentalizado. Esse motivo é preponderante para que a música ocidental possa ser descrita como um círculo.
Tal descrição lembra-nos Friedrich Nietzsche (1844-1900) que nos falou do “eterno retorno”. Nietzche, Bach e Pitágoras são personalidades ímpares porque através deles se flagra o desenvolvimento da cultura ocidental. A música nas demais culturas tem uma outra organização, o que se deve a própria concepção do mundo e da vida serem diferentes. Por exemplo, vejamos a música indiana: Enquanto a música ocidental é descrita como círculo a indiana, por sua vez, costumam descrever num formato espiral; o que, de certo, não torna uma melhor que a outra, mas faz delas diferentes entre si.
O desenvolvimento da música depende da cultura na qual ela esteja inserida.


A música dos diversos povos africanos possuía um outro tempo e sentido já que os mesmos desses povos eram diferentes.
No entanto, a história da humanidade é formada por uma série de fatos que poderiam e deveriam ter sido evitados... Culturas foram e são subjugadas, hora pela espada e cruz, outrora pela sociologia e o pensamento etnocêntrico.
Enfim, a música que hoje toca na radio é cúmplice de todo esse processo, o que, é claro, não significa que a música em si não possua potenciais de rebeldia, apenas estão adormecidos por um sistema muito bem arquitetado; sistema esse que transforma música que é matemática, moléculas em vibração, em mera mercadoria; trata-se do famoso “sistema capitalista”.
Os capitalistas são as pessoas interessadas em manter esse sistema que transforma tudo em mercadoria: saúde, amizade, educação, lazer, emoções, feijão, arroz, fé, desejo, amor, da mais simples a mais complexa expressão humana todo é transformado em mercadoria. Antes da música se transformado em mercadoria ela já servia a um propósito, a um fim. Por exemplo, os cantos gregorianos serviam aos propósitos da Igreja. Enquanto idéia mercadológica, a música serve ao maior intento do mercado que é sempre a obtenção do lucro;essa é a razão de ser do capitalista e do próprio capital.
Nos últimos cem anos surgiu e vem aprimorando-se uma técnica, que o capital viu como um campo a ser explorado economicamente e uma obrigação notória de controle político: a indústria cultural. A indústria cultural é uma técnica para a formação dos indivíduos, junto com alguns aparelhos que compactuam dos mesmos interesses políticos, econômicos e de classe social. Dentre outras coisas possibilita a criação da identidade nacional.
Em crise recente das Organizações Globo o governo liberou uma quantia significativa de recursos. “As Organizações Globo fazem parte da identidade nacional", afirmou o governo, na ocasião. Mas o que não é dito é que as mesmas não só fazem parte, assim como também fabricam a identidade nacional, moldam costumes e abduzem. A indústria cultural não se restringe a uma expressão específica; não abrangendo apenas as novelas ou só a música, também todo o campo de produção artística.
Fazem parte da atuação da indústria cultural: o cinema, a música, as novelas, o teatro, as artes plásticas, a moda, os centros culturais e seus programas de formação de platéias, todo e qualquer bem cultural. Ou seja, a indústria cultural atua num campo infinito de possibilidades. Cumprindo um papel fundamental: o de formar indivíduos, é claro, seguindo as diretrizes que o mercado traça.
É de sua responsabilidade o aparecimento de bandas como "Rouge", "Bross", os movimentos de rock que, às vezes, surgem; pela saia da Sabrina, pela sandália da Darlene.
O quê a indústria cultural faz é determinar aquilo que cada um deve gostar ou não. Ela programa o que vestiremos no próximo verão, a cor da moda, a música que irá enlouquecer os foliões no carnaval etc. A música atual, está num mar revolto de confusões, em meio às “Eguinhas Pocotó”, Radcare, música clássica, passando pelo forró.
Tudo está amarrado pelo cordão umbilical da indústria cultural. É uma relação de Deus e Diabo!
Aos apreciadores e futuros músico (aqueles que tocam e cantam música), fica a responsabilidade de refletir a realidade em que ela se encontra; realidade essa que é fruto do seu próprio desenvolvimento e de contextos históricos.
Cabe a todos nós a missão de despertar a criticídade da música em todos os seus aspectos e sermos transformadores da realidade em que vivemos.
Por uma música que seja extensão da vida!
E que nossa vida mereça ser vivida!

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Um comentário:

  1. dá um bico nisso, dota:
    http://www.nucleododirceu.com/2010/03/today-tomorrow-always-project-3.html

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