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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Pixinguinha e o Teatro


Por volta de 1926, Pixinguinha foi procurado pelo compositor De Chocolat – pseudônimo usado por João Cândido Ferreira -, que queria continuar uma conversa iniciada em São Paulo. Na Capital paulista ele expusera a Pixinguinha a idéia de montar um espetáculo teatral no qual todos, atores, atrizes e músicos, fossem negros. O caminho já estava sedimentado em virtude da sociedade feita com o português Jaime Silva, o único branco do grupo, já tinha fundado a Companhia Negra de Revistas e alugado o Teatro Rialto.

Faltava montar o elenco, contratar os músicos e o maestro. As composições ficariam a cargo do pistonista e compositor Sebastião Cirino, cuja carreira seria marcada pelo sucesso de sua criação “Cristo Nasceu Na Bahia”, em parceria com o bailarino Duque. E enfrentar o racismo contra a idéia e o projeto.

Ao aceitar o convite, Pixinguinha viabilizou o sonho de De Chocolat e o seu, ou seja, a oportunidade de trabalhar ao lado de Jandira Aimoré, que conhecera em temporada anterior no Teatro Coliseu Santista, na cidade de Santos, onde a conversa com De Chocolat se iniciara.

Além de Jandira, o elenco contava com nomes como Djanira Flora, Alice Gonçalves, Waldemar Palmier, Rosa Negra (sambista que participaria da fundação de escolas de samba em São Paulo) e a irmã da estrelíssima Aracy Cortes, Dalva Espínola, que, seguindo a tradição familiar, era quem cantava o grande sucesso do espetáculo, no caso, “Cristo Nasceu Na Bahia”.

O toque exótico de “Tudo Preto” ficava por conta de uma dançarina conhecida como Miss Monsque, era anunciada como bailarina africana, mas, inexplicavelmente, se apresentava com roupa de índia norte-americana.

A orquestra – na qual, além do pistom de Sebastião Cirino, destacava-se o sambista Donga, no ponteio do seu famoso violão -, regida por um empertigado e encasacado Pixinguinha, foi motivo de excelentes críticas por parte dos jornais, que se surpreenderam com o resultado do espetáculo, pois, num racismo sem disfarces, esperavam algo de baixa qualidade.

Pixinguinha firmava-se como maestro-regente e orquestrador. “Tudo Preto” ficou em cartaz por dois meses, com expressiva presença de público, que animou De Chocolat a reinvestir na sua idéia, e no dia 3 de setembro de 1926, nova estréia movimentava o elenco da Companhia Negra de Revistas, no mesmo Teatro Rialto.

O espetáculo chamava-se “Preto no Branco”, escrito por Waldemiro di Roma e com músicas de um maestro recém-chegado de São Paulo, jovem talentoso e que seria um dos herdeiros de Pixinguinha, na arte da orquestração. Aconteceu ali o primeiro encontro entre Lírio Panicalli – depois um dos mais importantes maestros da MPB, principalmente em sua fase de arranjador na Rádio Nacional – com seu mestre Pixinguinha.

O êxito foi maior ainda, elogios gerais e destaque como sempre para o trabalho musical liderado “pelo maestro Pixinguinha”, conforme o identificava a imprensa da época.

temporada teve final tumultuado por questões trabalhistas, e a Companhia Negra de Revistas só voltou a se reunir para excursionar pelo Brasil, já então com um novo jovem ator no elenco: Grande Otelo.


Em São Paulo Pixinguinha e Jandira casaram-se em cartório do bairro do Brás. Depois de Belo Horizonte, a estrela abandonou o teatro e Pixinguinha seguiu sua carreira gloriosa.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Parceria Música e Teatro: Grupo Galpão e Grupo de Choro do CEFAR


Portal EmDiv, de Minas Gerais.

A temática central é a discussão sobre o lixo. Segundo Eduardo Moreira, "num mundo cada vez mais afundado no consumismo e no desperdício, o problema do lixo e do consumo salta aos nossos olhos". Assim, várias questões foram levantadas na produção do espetáculo, que trata da reciclagem e do reaproveitamento do lixo, da profusão dos descartáveis, do lixo tecnológico, do meio ambiente e do aquecimento global, mas sempre de maneira lúdica. O objetivo não é ensinar apenas, mas divertir.

"Queríamos algo que fosse vivo e atual e que conferisse sinceridade a esses estranhos personagens perdidos na 'esquina dos aflitos' ", completa o diretor.

O Galpão Cine Horto, Centro Cultural do Grupo Galpão, foi fundado em 1998 e é voltado para o desenvolvimento de pesquisas e criação em artes cênicas. A proposta é ser um espaço aberto à comunidade, que facilite o compartilhamento de idéias e a aproximação com o teatro.

O repertório é basicamente composto pelo gênero "choro". Odeon, Brejeiro, Tico-Tico no Fubá e Na Glória são músicas certas no show, mas interpretadas de forma diferente das originais. Em Brejeiro, de Ernesto Nazareth, há traços de bossa nova e existe um momento de valsa em Na Glória, de Ary Santos e Raul de Barros. "Todos os arranjos são feitos por nós na hora do ensaio, e tentamos fugir do convencional e introduzir novos elementos", conta Marilene Trotta, coordenadora e percussionista do conjunto.

A experimentação com a música é marca do grupo de choro CEFAR, que trabalha com instrumentos pouco convencionais, como o glockenspiel, típico de orquestras, o vibrafone, tradicional do jazz, o xilofone e a marimba de vidro. "Nós usamos esse tipo de instrumento para fazer um som diferenciado, e o público costuma gostar muito, fica curioso", explica Marilene Trotta.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

NOVOS PESQUISADORES - Daniel Pitanga e o Teatro do Concreto


Trilha sonora e processos musicais na peça Diário do Maldito

A música como elemento componente do fazer teatral tem importantes funções na condução e significação de um espetáculo. Desta maneira, o trabalho com a música foi, e ainda é, uma grande frente de trabalho na composição e no desenvolvimento da peça Diário do Maldito. A vida e a obra do dramaturgo Plínio Marcos foram estudadas de várias maneiras, assim como o universo musical e as paisagens sonoras que acompanham o “personagem” Plínio foram fontes de criação cênica. As músicas que fazem parte do imaginário dos vários mundos ou das diferentes fases que ele percorreu em vida não são simplesmente encaixadas em cena, mas desdobradas, adaptadas e recriadas, compondo e corporificando os personagens que não são especificamente criados por ele, mas que certamente habitam e dialogam com as suas obras. O resultado da criação musical da peça apresenta uma forma de utilização da música bastante diversificada, ora narrando, ora pontuando ou simplesmente acompanhando. A trilha foi trabalhada durante todo o processo criativo e ao final foi lapidada com a entrada dos músicos/criadores. A cada nova apresentação surgem novas idéias e formas diferentes de executar a trilha. Do mesmo jeito que ocorre numa roda de samba, músicos e atores dialogam e improvisam durante o espetáculo, trazendo organicidade para a obra e novas condutas para a sala de ensaio.

Revista EntrelinhaseConcreto

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

MÚSICA DE JEAN-JACQUES LEMÊTRE - Théâtre du Soleil


Visar a perfeição para atingir a beleza
Deolinda Catarina França de Vilhena


A música sempre esteve presente nos trabalhos
do Soleil. Jean-Jacques Lemêtre uniu-se
a Mnouchkine em 1979, quando da criação de
Méphisto, e, desde então, pode-se dizer que no
Soleil a música é tão importante quanto o texto.
Mnouchkine liga a música ao corpo. Segundo
ela, a presença da música aproxima os espectadores
e serve também para amenizar a densidade
e a longa duração dos espetáculos que cria.
Se, por vezes, a música é o espaço, em outros
momentos é o próprio destino, ou a memória,
ou ainda o ritmo interno de um personagem,sua própria respiração.
A simbiose entre música
e cena pressupõe uma perfeita harmonia entre
Mnouchkine e Jean-Jacques Lemêtre, como observa
a encenadora:
“Jean-Jacques nunca é o mesmo. É um verdadeiro
músico de teatro. Ouve a respiração
de um ator. A forma como se inspira na música
asiática é muito douta. Tem grande conhecimento
dessas músicas, mas como nós,
trata-as de uma maneira imaginária. Quando
utiliza um instrumento asiático, nunca o
faz de maneira tradicional. Jean-Jacques não
me impõe nada, ele me permite tudo. Ele abre
o imaginário. É um excelente leitor. É sem
dúvida aquele que segue melhor o texto”
(Mnouchkine, 2004b).

quer continuar esta leitura?
ttaí: http://www.eca.usp.br/salapreta/PDF04/SP04_013.pdf

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

MARCIO VIEIRA E O CIRCO TEATRO UDI GRUDI


Nasceu no Rio de Janeiro em 1959. Gradua-se em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília em 1985. Estuda na Escola de Música de Brasília de 1978 a 1980.

Inicia a pesquisa na construção de instrumentos musicais de matérias primas alternativas, sucata etc. Funda o grupo "Mão Suja", que utilizava os seus instrumentos. Foi membro do Liga Tripa e do grupo "Músicas-à-Tentativa". Este último, surgido do "Mão Suja", também utilizava os instrumentos de Márcio, em uma proposta musical com uma certa influência da música erudita de vanguarda.

Em teatro participa como ator e músico das peças: "Capital da Esperança" com o Grupo Carroça, direção de Humberto Pedrancini, se apresentando em Brasília e em diversas capitais brasileiras no "Projeto Mambembão"; "A Hora e a Vez do Jumento", de Orlando Tejo e Esmeraldo Braga, direção de J. Pingo; e da primeira peça do Circo Udi Grudi em 1982, participando de suas atividades até 1986.

Inicia a produção de instrumentos musicais profissionalmente. Suas kalimbas são comercializadas no Brasil e na Alemanha. Além da kalimba produz outros instrumentos de sua criação como o Carrilhão Multitonal, o Girassino e muitos outros. Desenvolve instrumentos musicais para o Hospital Sarah Kubtschek utilizados no tratamento e desenvolvimento de habilidades motoras de deficientes físicos. Em 84 obtém bolsa de pesquisa do CNPq com projeto de técnicas e materiais para construção de instrumentos musicais, desenvolvendo práticas e realizando estudos teóricos de física acústica e teoria musical.

Participa do II Percpan em Salvador participando de Oficinas com Nana Vasconcelos, Hermeto Pascoal dentre outros. Há vários anos ministra oficinas de acústica e construção de instrumentos na Escola de Música de Brasília, UnB e em escolas do DF e Goiás. Em 95 realiza uma exposição de seus instrumentos no Espaço Cultural 508 Sul.